O papel do cuidado domiciliar

Por Fabio João Serpa – CEO Vivantt

“Como ganhar milhões antes que a vovó morra” — mais do que um título impactante, é um convite urgente ao olhar atento da família sobre aqueles que estão envelhecendo. Uma produção tailandesa de 2024, que entrou para o catálogo da Netflix Brasil neste ano, e que nos traz valiosas reflexões acerca do envelhecer.

Ao longo da minha trajetória na Saúde — e hoje, à frente da Vivantt — percebo, com clareza, como as decisões e os gestos do presente moldam profundamente nossa própria experiência de envelhecer — e também a daqueles que amamos.

No Brasil, a pirâmide etária está se invertendo com velocidade surpreendente — e esse novo cenário traz impactos profundos em diversas esferas da sociedade.

  • As projeções estimam que, em 2070, cerca de 37,8% da população terá 60 anos ou mais.
  • A força de trabalho diminuirá, pressionando a produtividade e desequilibrando a relação entre quem contribui e quem se aposenta.
  • A previdência, o SUS e a economia como um todo já começam a sentir os efeitos desse envelhecimento acelerado.

A obra nos traz reflexões importantes:

1. O olhar da família para o idoso

Quanto tempo e atenção realmente dedicamos aos nossos velhos? O filme lança luz sobre essa questão fundamental. As histórias, vivências e afetos dos nossos idosos raramente ocupam o centro de nossas narrativas — e, no entanto, merecem estar.

2. Planejar a própria velhice

Envelhecer com dignidade e qualidade não é uma questão de sorte, mas sim o resultado direto de escolhas conscientes: cuidar da saúde física e emocional, cultivar redes de apoio e afeto, planejar financeiramente e se preparar para uma nova etapa da vida.

3. O momento é agora

Vivemos um ponto de inflexão histórico: em menos de 50 anos, metade da população brasileira será composta por pessoas idosas. No entanto, as estruturas de suporte — familiares, urbanas e institucionais — ainda caminham a passos lentos diante dessa mudança. É preciso agir hoje, com responsabilidade e visão de futuro.

O papel do cuidado domiciliar

Na Vivantt, presenciamos diariamente o impacto transformador de um olhar familiar verdadeiramente atento:

  • Prevenção de quedas e acidentes evitáveis
  • Respeito à autonomia e à independência da pessoa idosa
  • Redução da ocupação hospitalar desnecessária
  • Promoção do bem-estar emocional — tanto de quem recebe quanto de quem oferece o cuidado

Mais do que suporte técnico, oferecemos presença, atenção e dignidade — valores que refletem, de forma genuína, nosso compromisso com um envelhecimento ativo, seguro e profundamente humanizado.

“Como ganhar milhões antes que a vovó morra” nos lembra que a velhice não é o fim — é uma fase da vida que merece ser vivida com propósito, afeto e dignidade.

O fenômeno demográfico do envelhecimento populacional não deve nos assustar, mas sim nos mobilizar. É um chamado à ação conjunta, à escuta e ao planejamento.

Refletir sobre os benefícios do cuidado domiciliar — sobretudo quando esse cuidado é contínuo, estruturado e afetuoso — é, sem dúvida, um dos maiores aliados para garantir que esse momento da vida seja vivido em casa, com qualidade e com a presença de quem realmente importa.

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